Évora, a bela cidade. Quem não se lembra dos tempo gloriosos que corriam pela nossa cidade até às ultimas autarquicas?
Pois é, a telenovela "PS na Autarquia: Cidade na Miséria" (não, não é a "Queridas Feras", a que roubou aos cidadãos 5000 contos, é a outra!) não finda e longe de acabar continua cada vez com mais intrigas, mais incompetencia, mais falta de cultura, mais falta de civismo e, principalmente, mais falta de
racionalismo. Os meus amigos da Terrinha mais chegados sabem que ando nesta luta (nunca sozinha, quase sempre acompanhante da minha Progenitora que, por sua vez, acompanha outros) há muito tempo e vão até acompanhando por mim este dia-a-dia de destino macabro (para os cidadãos).
Adiante. No blog
http://www.maisevora.blogs.sapo.pt (Mais Évora), um blog que só visto, onde se tecem criticas a esta politica, criticas devida e justamente fundamentadas, encontrei o seguinte post que vos vou mostrar, leiam que vale a pena e quem não conhece a hilariante e degradante história ficará a conhecê-la.
Reparem nas parecenças entre Haernestonte e José Hernesto de Oliveira (o Palhaço, actual presidente da Camara) e Abilíades e Abilio Fernandes ("O Desejado", mais que o D. Sebastião, acreditem ou não), e nas parecenças entre a história real e a ficticia (que eu diria ser a mesma, embora os nomes mudem de Cuba para Siracuba, de Alentejo para Alentrácia, de Évora para Ésphora, de
Vivárua (quem não se lembra?) para Festas da Rua, etc., etc., etc...
"
Haernestonte e o Carro do Sol
Em
Siracuba, comunidade rural da região da
Alentrácia, nasceu um belo bebé, a quem chamaram
Haernestonte.
O jovem cresceu como previsto, um filho que seria o orgulho de qualquer mãe.
Quando o robusto rapaz atingiu a idade de adulto e o seu espírito ambicioso se voltou, ansioso, para o vasto mundo onde poderia provar a sua virilidade, resolveu partir em busca da aventura que o esperava. O coração do jovem pulsava quando, cheio de esperança, sob o sol claro da manhã, se fez à estrada e a cada passo se aproximava mais do mundo desconhecido a seus pés.
Continuou o seu caminho para a cidade cujas torres se erguiam à sua frente na planície. Mas agora avançava devagar, por sombra e sol, pois perdera uma sandália que ficara agarrada no leito lamacento de uma ribeira, até que, pelo fim da tarde, alcançou as portas de ÉSPHORA. Encontrou ali muita agitação, provocada pela grande FESTA DA RUA dada anualmente, por
Abilíades em honra dos deuses.
Muitos olhos se pregaram curiosos naquele jovem, bem parecido, que vagueava pelas ruas bronzeado do sol e coberto de pó da longa viagem. Pensou que aqueles cidadãos bem vestidos o desprezavam por ele só ter um pé calçado, pois não sabia o que eles sabiam:
que um oráculo lhes predissera que o CARRO DO SOL seria usurpado por um estranho que ali chegaria apenas com uma sandália.
Procurou o caminho para o PALÁCIO CELESTIAL, onde governava
Abilíades, que todos os dias viajava pelo mundo no deslumbrante CARRO DO SOL.
Aí chegado, apresentou-se perante
Abilíades que, sentado num trono de ébano, vestia o seu manto escarlate, rodeado dos arcontes, arautos e seus homens de confiança. Os olhos de
Haernestonte ficaram deslumbrados, de tal modo que não ousava aproximar-se do trono.
Abilíades, que tudo via e tudo sabia, quase desfalecia ao observar aquele jovem com um pé descalço que lhe recordava o sinal dos oráculos. Porém, escondendo os receios, chamou-o pelo nome:
“Sê bem-vindo ao palácio celestial Haernestonte!...” – disse, pondo de lado a coroa de raios de Sol, cujo brilho os simples humanos mal podiam suportar. Seguiu-se uma declaração entusiástica de boas vindas, pedindo-lhe que se sentasse ao lado dos seus homens de confiança.
Jovem imberbe,
Haernestonte deixou-se conquistar pelas palavras que ouvira e pelos encantos da corte que acabara de conhecer. Comeu e bebeu amistosamente e depois, excitado e embriagado pelo vinho, escutou avidamente os menestréis que alegravam o banquete.
Haernestonte andava com os olhos esbugalhados com a visão da glória e orgulhoso de ter sido aceite em tão alta linhagem. Começou a participar nas reuniões e decisões do areópago revelando um crescente talento. Mas, à medida que o tempo corria, germinava e desenvolvia-se uma profunda e desmedida ambição.
Ficou mais afoito e, um dia, perante toda a corte,
Haernestonte pediu, ansioso, a
Abilíades:
“Concede-me o meu desejo mais ambicioso: confiares-me, por um dia, o carro do sol para eu guiar”.
Uma sombra cobriu a face radiante de
Abilíades. Por várias vezes abanou a cabeça resplandecente, antes de responder:
”Jovem imprudente, não sabes a ousadia que estás a cometer! Essa incumbência é excessiva para um jovem estouvado. Entre todos os filhos do Olimpo, só eu me aguento firme no carro ardente e domino os corcéis do fogo, no seu percurso escarpado e difícil. Renuncia, peço-te. Pede qualquer outra coisa, do céu ou da terra, e eu juro-te que será tua!...”
Os companheiros zombaram dele, mas o atrevido rapaz teimou na sua audaciosa pretensão e não se deixou convencer pelos conselhos destes. Zangado e ressentido afastou-se dos companheiros de longas viagens. Renegou ideais e princípios, encetando uma lenta e calculada aproximação a velhos adversários e inimigos de
Abilíades. Federou interesses antagónicos, não olhando a meios para conseguir atingir o lugar celestial que lhe parecia à medida dos seus desejos e ambições e a que se considerava predestinado.
Quando, finalmente, chegou ao governo do PALÁCIO CELESTIAL, todo o seu ser irradiava felicidade.
No último encontro
Abilíades, enchia-o de avisos, mas
Haernestonte, impaciente mal escutava:
”Segue atentamente o caminho RECTO. Tem cuidado com os OBSTÁCULOS de especuladores, intriguistas e bajuladores. Evita o Pólo Norte e o Pólo Sul, o caminho do meio é sempre o mais seguro. A ARROGÂNCIA não é boa conselheira, não desças demasiado para que a Terra não se incendeie, nem vás alto de mais para não queimares o céu. Não uses muito o AGUILHÃO e segura bem as rédeas, pois os CAVALOS voam por si próprios e o difícil é dominá-los...”.
Ainda não tinham acabado os avisos e já o presunçoso saltara para o carro, agarrara as rédeas e instigava a majestosa quadriga, atirando para trás
Abilíades, sem uma palavra de agradecimento e adeus.
Através da neblina da manhã, com o intenso vento norte a empurrá-lo o carro avançava impetuosamente na sua orgulhosa corrida. Mas depressa a velocidade lhe cortou a respiração enquanto abanava e balançava, como um barco sem lastro, até que a cabeça lhe começou a andar à roda. E logo os cavalos de fogo sentiram que as suas rédeas estavam
em mãos sem prática. Recuando e aos tombos alteraram o caminho habitual, deixando toda a Terra espantada ao ver o CARRO DO SOL andar nos ares como um raio de um relâmpago. Antes de ter ido muito longe, já o temerário cocheiro se tinha arrependido amargamente da sua ambição, e não queria mais senão que o livrassem daquela perigosa honraria.
Via, tarde de mais, como
Abilíades o aconselhara sabiamente. A cabeça girava-lhe, o rosto empalidecia e os joelhos tremiam-lhe. Em vão puxava e sacudia os freios; em vão gritava aos
cavalos que não sabia chamar pelos nomes. Enlouquecidos pela corrida desenfreada, eles já não se importavam com aquela
mão inexperiente e escolhiam o caminho através dos ares, guinando para aqui e para ali à sua vontade.
Por esta altura já o desventurado
Haernestonte perdera a esperança de dominar ou encaminhar a sua corrida sinistra. Cego pelo terror, queimado pelo calor até já não poder estar de pé no carro ardente, largou as rédeas inúteis e caiu de joelhos numa oração veemente, pedindo auxilio aos DEUSES...
Qualquer semelhança com pessoas ou factos conhecidos é mera coincidência...
A estória que aqui se conta é, obviamente, uma reinvenção do mito do jovem FAETONTE que ambicionava conduzir, uma dia que fosse, o deslumbrante Carro do Sol, que o seu pai, o deus APOLO, diariamente conduzia pelo mundo, lançando raios cujo brilho os olhos humanos não podiam suportar.
Foi escrita depois das férias do Verão, e publicada em vários blogs locais há já quase um ano. Resolvi republicá-la hoje, porque parto para novas viagens recordando, ainda, as do ano passado que me foram particularmente gratas. Republico-a também para satisfazer pedidos de vários amigo(a)s, que me vão chamando a atenção para certas semelhanças com pessoas e factos da nossa Cidade, em especial os actuais e anteriores ocupantes do edifício onde antes era o Palácio dos Condes de Sortelha. Republico-a, finalmente, porque espero que o interregno que se segue, não seja um adeus, mas um até breve...
Conto voltar depois das férias, no início do novo ano lectivo, com novas estórias, rumores e balelas sobre a Cidade, mas também com sugestões, comentários e opiniões sobre a actualidade local.
Ao partir faço votos para que:
- os “sonhos lindos”, anunciados e sucessivamente adiados como histórias intermináveis, surjam finalmente à luz do dia, para nosso gáudio e admiração ao regressar. - se concretize o projecto jornalístico do Mário Simões ou de outros Mários desta terra, pois a escuridão mediática que impera na Cidade cega-nos e tolhe-nos os pensamentos.
Neste momento de partida uma palavra de apreço e agradecimento a todos os leitores que tiveram a amabilidade e paciência de me acompanhar nesta aventura, e em especial para aqueles que aqui deixaram os seus comentários. Neste momento de partida também uma palavra de apreço e de estímulo aos navegantes locais, sem excepção, que se esforçam por manter à tona uma página deste oceano de dificuldades e canseiras. Évora precisa de vós, como um edifício precisa de janelas por onde jorra luz e ar, que nos deixa ver e respirar.
Finalmente desejo que no momento do regresso ainda reste para contemplar um pouco relva...
verde.
Até breve
O MANOELINHO"
Delicioso, não?